Tempo de Advento

A Liturgia revela sua riqueza a quem se dedica a acompanhar o ano litúrgico, a participar ativamente das celebrações litúrgicas, a crer naquilo que se reza e celebra, a esperar a realização das promessas que percorrem quase todos os textos… Revela-se a riqueza a quem procura ´praticar ´o que este tempo recomenda: Orar meditar os textos propostos para as celebrações (e além delas), cultivar certos tempos de recolhimento e silêncio; praticar a ´pastoral da visita e do encontro´ com outras pessoas, preferencialmente ´marginalizadas´ pela sociedade devido à idade, situação social e econômica… São muitos os caminhos que podem transformar a liturgia em caminhos de verdadeira renovação da vida do cristão. Com mais clareza: Deixando -se inspirar pela Liturgia e vivendo – a, no dia a dia, a vida da gente se renova continuamente. Não envelhece nem cansa ou causa tédio.

 

O tempo do Advento ´mexe´ com nossas esperanças, melhor com A Esperança que temos à vida. Poderíamos fazer um levantamento a respeito (das esperanças e) da Esperança à Vida. Até em nossas comunidades católicas vamos receber muitas respostas diferentes e destoantes. Há respostas carregadas de medo e de pessimismo, outras de confiança coragem. No entanto, me parece justo, apontar à Palavra de Deus, ou seja, à Revelação. O que diz a Palavra de Deus, a Bíblia? O que diz Jesus Cristo, ungido e movido pelo Espírito de Deus a respeito do futuro da humanidade, da terra e do Universo? Uma coisa me parece clara: Jesus não é pessimista nem tem medo do futuro. Ele confia plenamente na presença do Pai em tudo e no ´sucesso´ do projeto de Deus, projeto que o envolve totalmente. Jesus é confiante contra todas as aparências… Ele não desconsidera as forcas do maligno e das catástrofes, do sofrimento imenso até para ´os justos´, mas insiste (na formação dos seus discípulos) a ter plena confiança como Ele e nele. Esperança num novo céu e numa nova terra.

 

O Advento fala num realismo que nos assusta, mas também numa visão tão positiva que S. Paulo (citando até o Primeiro Testamento) fala que ninguém nem pode imaginar o que Deus preparou para os seus, ou seja, para os que forem fiéis até o fim a Jesus Cristo. O tempo do Advento nos leva a reavivar a Esperança no poder de Deus, cujo amor é imbatível. Celebramos juntos com cantos bonitos, textos profundos do Primeiro Testamento e do Novo Testamento. Acolhemos confiantes a promessa de Deus de levar tudo a um bom fim – desde que deixamos nos conduzir pelo Espírito de Cristo. A promessa não se concretizará sem cooperação dos ´filhos e das filhas´; ela requer a participação confiante e amorosa nossa.

 

Cultivar a Esperança em nosso tempo é urgente. Lembro-me dos meus tempos de estudante quando um teólogo evangélico (Moltmann) elaborou uma ´Teologia da Esperança´. Depois ela caiu quase no esquecimento. No entanto, ela precisa renascer seja no meio das comunidades, seja no coração dos fiéis. É a Esperança que levanta e faz olhar para frente sem medo. É a Esperança que leva a prosseguir as lutas e os trabalhos. Não confiamos tanto em nós, mas sim no poder de Deus – que nos falou através de seus profetas e – principalmente – do seu Filho Unigênito. – Costumo dizer que não me basta ter fé e amor; também preciso ter Esperança num Amor que não tem fim, pessoal e universal vindo ao nosso/ meu encontro. – Vamos viver este tempo do Advento cultivando a Esperança e dar satisfação a quem nos pede uma explicação de nossa serenidade e alegria!

 

Dom Francisco