Institucional
TEXTO INTRODUTÓRIO:
“Nossa história começara, em uma pequena casa, que tornou – se uma capela. O povo já era animado, foi chegando e se doando e a Diocese se formando e evangelizando.” Foi cantando essa estrofe que iniciamos a Santa Missa de encerramento do ano Jubilar dos 60 anos de vida e missão da Diocese de Humaitá. É com essa primeira estrofe do hino do Jubileu dos 60 anos, escrito pela nossa poetisa Prof. Juscineth de Jesus Soares que iniciamos essa breve, porém profunda escrita sobre a história da Evangelização em nossa Diocese.
Nos primeiros registros, antes mesmo dos Padres chegarem em nosso território, encontramos a presença da Igreja que se reunia nas casas para a reza do Santo Terço e das cantorias das diversas Ladainhas para Nossa Senhora e os Santos e Santas de devoção que foram repassadas de pais para filhos, avós e avôs para netos e netas. A nossa história é marcada pela forte presença da espiritualidade popular e pelas reuniões nas casas, assim como encontramos nos evangelhos e nos Atos dos Apóstolos. E foram nesses encontros, entre rezas, comidas, danças e partilhas que nossa Igreja foi se formando. Por isso, a Igreja de Humaitá é rica em história e a importância de manter viva essa memória dos fatos e acontecimentos ao longo desses anos de missão se dá pela valorização do que há de mais sagrado para um cristão, a sua FÉ. A fé nos empurra para seguir adiante, é pela fé que tudo se realiza. Fé que é dom de Deus e mesmo sem a presença dos missionários (bispos, padres, religiosos e religiosas), mas com a fé testemunhada e propagada pelos que chegaram aqui no período da colonização, verificamos e confirmamos aquilo que o teólogo Pedro Cipolini afirma: “o Espirito Santo precede a Igreja” e foi nessa precedência do Espírito Santo que foi sendo suscitado o dom da Fé e consequentemente a constituição da Igreja Diocesana de Humaitá. Logo em seguida, então verificamos que pelo ardor missionário daqueles que por aqui passaram evangelizando muito antes de todos nós, que hoje a Igreja é sinal da presença de Jesus Cristo nesse chão amazonense.
Salve hoje, Diocese de Humaitá. Neste tempo jubilar, 60 anos celebrar.
Venha aqui festejar.
Com a criação da Freguesia de Humaitá, pela lei Provincial nº 686 de 2 de julho de 1865, começa a chegar os primeiros missionários. Mas a presença mais marcante na constituição da nossa Igreja Diocesana, foi com a vinda dos primeiros padres salesianos para essa região, uma história que se mistura com a história da cidade de Humaitá. Onde volta de 1869, o Comendador Francisco Monteiro, deu ao sítio onde morava o nome de Humaythá, iniciando ao mesmo tempo a construção de uma pequena capela e a dedicou a Imaculada Conceição de Maria, no ano de 1875, com a licença do Governador Eclesiástico da antiga Província do Amazonas, pela Bulla do Papa Leão XIII, sendo benta por um frei missionário Capuchinho, Frei Jesualdo Machetti, no dia dois de fevereiro de 1876. Em 1888 a Freguesia foi instituída canonicamente sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição do Behem de Humaythá, tendo como seu primeiro pároco interino o padre José Laurindo dos Santos.
Ao chegar nas barrancas do Madeira, onde no futuro seria a cidade de Humaitá. Nosso querido fundador José Francisco Monteiro, já consagrou o lugar. Dedicado ao cuidado e proteção da IMACULADA CONCEIÇÃO Humaitá se iniciou, e conduzidos por Nossa Mãe Imaculada chegamos a Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador. (Pe. João Nascimento 08.12.2019)
Os espaços físicos (templos, igrejas, capelas) sempre foram necessários para o encontro, reunião da comunidade eclesial. E em nossa Diocese as primeiras capelas foram sendo construídas pelos donos das localidades, em seus terrenos que, posteriormente eram entregues à responsabilidade da Igreja. Essas capelas eram expressão de fé aonde as pessoas festejavam seus santos de devoção, tiravam (cantavam) uma ladainha para Nossa Senhora das Dores, do Rosário, da Imaculada Conceição, de Nazaré do Divino Pranto ou para os Santos Populares, São Francisco de Assis, Santo Antônio de Pádua, Santa Luzia, Santa Rita de Cássia e São Sebastião. Mesmo sem a presença de padres, dadas as dificuldades de logística na selva amazônica nos primeiros anos de trabalho missionário, era grande o fervor e a participação. As capelas que datam do século passado, e que foram identificadas como as mais antigas nessa região são: Nossa Senhora das Dores (Manicoré) – 1865, Nossa Senhora da Conceição (Humaitá) – 1875, Divino Espírito Santo (Uruapiara) – 1878 e Santo Antônio (Humaitá) – 1921.
Ao longo de sua caminhada, a Igreja de Humaitá foi se organizando, tomando corpo, e pouco a pouco devido a miscigenação de povos como os indígenas, portugueses, espanhóis, negros, nordestinos, sulistas foi se adquirindo um rosto amazônico que acolhe a todos e expressa comunhão. A mudança de Freguesia à Prelazia foi se dando à medida que a ação missionária se ampliava. A partir de 1959, o Padre Vigário Ângelo Natálio Cerri fez um esboço com vários motivos para que Humaitá se tornasse uma prelazia. Ele recebeu um documento do Padre Miguel D’Aversa, que era o padre Inspetor no dia 05 de junho de 1959, para o devido encaminhamento, que continha uma lista com os motivos para a criação da Prelazia Nullius de Humaitá.
O Papa João XXIII acolheu a proposta de criação da nova prelazia, a partir do desmembramento do município de Manicoré, pertencente à Arquidiocese de Manaus e também o município de Humaitá foi desmembrado da Prelazia de Porto Velho. Assim, ambos os municípios formariam a nova Prelazia Nullius de Humaitá, cuja a sede ficou sendo a cidade de Humaitá e, também, a residência do prelado e sua cátedra na Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Dom José Domitrovitsch, foi nomeado o primeiro bispo para a Prelazia de Humaitá, em 03 de setembro de 1961. A espera era antiga e deixou o povo satisfeito com a escolha que agradeceram a Deus a graça de ter o primeiro bispo de Humaitá. A criação da Prelazia Nullius de Humaitá aconteceu no terceiro ano do pontificado do Papa João XXIII, em 26 de junho de 1961. Um pouco mais que quatro meses depois o novo prelado chega à cidade para assumir a Prelazia em Humaitá no dia 04 de outubro de 1961.
Dom José Domitrovitsch teve uma passagem muito rápida, deixando-nos muito cedo, vindo a óbito com poucos meses de administração. Para assumir a sede vacante, logo em seguida, foi nomeado Miguel D’Adversa – padre salesiano – como o segundo Bispo a assumir esta Prelazia, onde em seu ministério episcopal, em 1979, foi elevada à Diocese, um bispo lembrado pelo seu vigor e ardor missionário como ainda ninguém viu. Um homem simples, de muita fé e devoção a Virgem Maria, que por onde passava deixava rastro de santidade. Em 29 de junho de 1991 com a saída de Dom Miguel, Dom José Jovêncio Balestiere assume o pastoreio da diocese, com o dom de se expressar, suas homilias cheias de palavras de sabedoria nos faziam pasmar. Com tanta sabedoria que saía da boca, alguns até chegaram a perguntar: de onde vem tanta sabedoria que ilumina Dom José até então o Bispo de Humaitá? Após sua saída em setembro de 1997, o Bispo de Lábrea, Dom Jesus Moraza foi nomeado como Administrador Apostólico, ficando responsável pela Diocese de Humaitá até a nomeação de Dom Franz Josef Meinrad Merkel em 2000, missionário Espiritano de nacionalidade alemã, vindo das terras baianas, Humaitá veio pastorear. Foram 20 anos de vida doada na missão, seu legado espiritual é marcado também por seu grande trabalho na dimensão social e da evangelização. Em 17 de outubro de 2020, se deu a ordenação episcopal de Dom Antônio Fontinele de Melo como o quinto bispo a assumir a Diocese de Humaitá. Ele chegou meio tímido, mas deixou bem claro que veio para ficar. Com o dom da poesia, ele sempre está a nos ensinar que é preciso ser uma Igreja povo de Deus, que reza, trabalha e se dedica na missão, indo ao encontro dos mais necessitados, os preferidos de Deus, os pobres que são nossos irmãos.
Nestes sessenta anos de caminhada missionária da Diocese de Humaitá, muitos religiosos e religiosas, sacerdotes, leigos e leigas contribuíram no processo de evangelização fazendo com que o Evangelho chegasse a todos sem exceção. No início dessa trajetória de vida, em meados dos anos 1800, era necessário abrir as trincheiras verdes, cortar rios e lagos a remo, vencer as doenças tropicais para responder ao chamado missionário no discipulado de Jesus.
Na construção dessa caminhada ao longo da trajetória da Igreja em Humaitá não há como não trazer ao nosso conhecimento a memória de figuras importantes nesse processo, que ajudaram a consolidar a Diocese. O padre Raimundo Oliveira Lima, figura ilustre que no ano de 1913 foi vigário da Freguesia de Imaculada Conceição que percorria vários lugares na região do Amazonas e Rondônia anunciando o Evangelho da Salvação. Outra figura ilustre que é até considerado o segundo fundador da cidade de Humaitá, é o padre José Maria Pena, sacerdote salesiano do Uruguai, que veio como missionário na Prelazia de Porto Velho a qual pertencia o território de Humaitá. Tivemos ainda outras figuras ilustres na evangelização que tempo e nem papel temos para descrever, porém queremos registrar seus nomes, pois é nosso dever guardar a memória daqueles que ajudaram a construir a história da nossa Igreja local: Padre Luiz Bernardi, Ângelo Cerri, Luiz Venzon, José Manuel de Lima Martins, Manuel José da Cunha, entre outros, nossa gratidão pela contribuição com a Freguesia da Imaculada Conceição.
As obras na área social e de educação também foram um marco na caminhada missionária da Igreja Diocesana. Em 1941 a irmã Clara Jacob era a responsável pelo posto médico e também foi a fundadora e primeira superiora do Patronato Maria Auxiliadora em Humaitá. Ela, Irmã Elza e Irmã Lúcia, foram as pioneiras, das Filhas de Maria Auxiliadora neste lugar. As Salesianas não tiveram medo, lançaram as redes do apostolado às margens do Madeira, alcançando pela graça tantas vidas, em Humaitá, descendo o Rio Madeira, chegaram em Manicoré em 1970, assumindo a escola e centro social para ajudar o povo daquele lugar.
A Igreja em missão foi se organizando e se estruturando ao longo dos anos para formar a estrutura organizacional existentes atualmente. Juntas, elas formam o espaço territorial da Diocese, o espaço sagrado de religiosos e católicos que seguem nesse caminho de construção e reconstrução rumo a uma igreja em saída. A presença da Igreja em Humaitá ao longo dos anos tem estado em comunhão com a presença das comunidades, das paróquias, dos movimentos e do serviço ministerial em prol da valorização e da edificação dos grupos atuantes. A Igreja teve grande influência na área social e educacional, participando efetivamente na construção da vida da população como um todo. Muitas figuras foram importantes nesse processo de construção das cidades que fazem parte do território da Diocese, escrevendo seu nome na história da Igreja e também na sociedade Humaitá, Manicoré e Apuí. A seguir, um esboço da estrutura organizacional da área missionária que compreende a Diocese de Humaitá.
As paróquias formam os decanatos de Apuí, Manicoré e Humaitá e juntas somam as oito paróquias distribuídas nos três decanatos. O decanato de Apuí possui a Paróquia São Sebastião e Paróquia Santo Antônio de Pádua (antiga Santa Luzia). O decanato de Manicoré é formado pela Paróquia Nossa Senhora das Dores, Paróquia Maria Auxiliadora dos Cristãos e Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora do Uruapiara. O decanato de Humaitá é composto pela Paróquia da Imaculada Conceição, Paróquia São Francisco, Paróquia São Domingos Sávio e a Área Missionária São Francisco de Assis (Distrito de Realidade).
As Paróquias foram se organizando a partir do trabalho de religiosos e religiosas como os Padres Salesianos e Irmãs Salesianas, Freis Capuchinhos, Freis Franciscanos Conventuais, Irmãs Franciscanas do Mártir São Jorge, Catequistas, do Apostolado Paroquial, de São José, Padres Combonianos e irmãs combonianas, que enfrentaram o desafio missionário arregaçando as mangas e indo à luta juntamente com a população local.
A Paróquia São Sebastião, criada em janeiro de 1996 no Apuí, e sob os cuidados do Padre Antônio Costa Lira se iniciou antes mesmo de sua criação canônica com a chegada das primeiras famílias católicas que, ao sentirem a necessidade de um templo, construíram uma capela com fundos de quermesses e leilões. Antes, chamado de Juma, o Apuí foi crescendo e deixou de ser uma vila de moradores imigrantes, vindos do Sul, Centro Oeste e Nordeste. A Igreja se fortaleceu com a chegada do Padre Faliero e da Irmã Inês, na década de 1980, e seu acolhimento às famílias que chegavam no lugar fortalecia os laços na comunidade. Hoje, Apuí conta com vinte e oito comunidades entre o interior e a cidade, um legado iniciado com o trabalho desse grande missionário e não só ele como todos os outros que contribuíram nessa tarefa. O padre Faliero Bonci, chegou no Apuí em 23/10/1983 e permaneceu lá até 30/11/1994. Já passaram por esta paróquia: os Pe. Geraldo Pereira D’Ávila, Pe. Márcio Aquilino Miquelon, Frei Caetano, Pe. Frei Antônio Lima, Pe. Frei Osni Antônio Dombroski (pároco) e Pe. Frei Itacir Fontana (vigário cooperador), da Congregação dos Frades Menores Missionários de Ponta Grossa-PR; Pe. Valdoní, Pe. Marcelo, Pe. Alfredo, e atualmente, Pe. Idamor e Pe. Elismael. Dentre os fiéis mais devotos, trazemos à memória o senhor Antônio Curtarelli. Também o senhor Sabino, Valderi e tantos outros que, com suas doações, contribuíram para a consolidação desse espaço sagrado.
Também, passaram pela paróquia as Irmãs: Inês, Úrsula, Paula, Bernadete, Elisabete, Madalena, Teresinha, Clara, Ágata, Isabel, Lúcia e irmã Caroline. Todas elas pertencentes à Congregação Franciscanas do Mártir São Jorge.
Pertencente ao decanato de Apuí, a Paróquia de Santa Luzia foi se estruturando. Está localizada na rua João Gomes, 205, Santo Antônio do Matupi, km 180 Distrito de Manicoré-AM. Sua construção teve início no dia 15 de novembro de 1999. No dia 13 de dezembro de 1991, Dom José Balestiere rezou a Missa dedicando a Capela de Santa Luzia. Ao longo dos anos, muitos religiosos e religiosas, missionários e missionárias por aqui passaram doando seus trabalhos pastorais em prol da quase Paróquia Santa Luzia. No dia 15 de setembro de 2005, o Pe. Odilon Erbardef, acompanhado das Irmãs Ivonete e Socorro, tomou posse da Pró-Paróquia Santa Luzia. No dia 16 de março de 2006, chegaram as primeiras irmãs Combonianas, sendo elas, Lurdes de Portugal, Luci do Congo e Amani do Egito. Ao longo dos anos, várias religiosas combonianas por aqui passaram, Irmã Rosa, Cândida, Chiara e outras. Aos 27 de fevereiro de 2010 chegava o padre Massimo Raimundo, também Comboniano.
A quase Paróquia Santa Luzia atendia as aldeias indígenas, os ribeirinhos do Mata-Matá e o povo em geral e continua atendendo. No dia 16 de dezembro de 2012, foi realizada a grande celebração de criação da Paróquia Santa Luzia, reunindo todas as Comunidades que fazem parte da mesma, presidida por Dom Francisco Merkel, onde leu o Decreto e assinou perante toda a assembleia. Em 2015, chegavam as queridas irmãs, Rosineide, Luiz e Giuseppina Lupo onde se dedicaram de corpo e alma à missão. Porém, um trágico acidente em 24 de junho de 2017, as levou, deixando em nossa Paróquia e Comunidades um grande vazio.
Ao dar continuidade nas atividades religiosas como catequese, grupo de jovens, visitas, através dos ministros extraordinários da eucaristia, em 2018, o frei Sebastião Fernandes realizava sua visita na paróquia a cada 15 dias do mês, orientando, fazendo cursos de batizados, casamentos e outros sacramentos. Em 2019, receberam um casal missionário José e Izabel que ajudaram muito nos trabalhos pastorais. Nesse mesmo ano, padre Peter Kumar, missionário do Verbo Divino, chegou na Paróquia, contribuindo junto às comunidades e dentro de suas possibilidades. Há alguns anos deu-se início à obra da nova igreja Matriz de Santo Antônio do Matupi.
Com a nomeação do novo bispo de Humaitá, Dom Antônio Fontinele, os Missionários do Verbo Divino assumiram a paróquia, e no dia 24 de julho de 2021, ás 19h, em solene Missa litúrgica, foi nomeado o novo pároco, o Pe. Arnaldo Alves de Souza – SVD – e também assinado o novo decreto com a mudança do nome da paróquia para Paróquia Santo Antônio de Pádua. A Paróquia Santo Antônio de Pádua é composta por 8 comunidades: comunidades Santa Luzia, Sagrado Coração de Jesus, Santa Rita de Cássia, Cristo Redentor, Nossa Senhora de Aparecida, Nossa Senhora de Fátima, São João Batista e São João Paulo II. Conta também com um Barracão de festas, salas de catequese, casa das Irmãs, casa Paroquial e Secretaria Paroquial.
O decanato de Manicoré é composto pela Paróquia Maria Auxiliadora dos Cristãos, Paróquia N. S. das Dores e Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora do Uruapiara
A Paróquia Nossa Senhora da Dores, na cidade de Manicoré: a história da cidade de Manicoré teve seu início no SÍTIO PAYSANDU, propriedade do Tenente Coronel Manoel Pereira de Sá. Um pequeno arraial, um pequeno povoado. Um dia, o capitão Felizardo, do grupo do coronel Sá, convidou os companheiros para celebrar o mês de Nossa Senhora. Havia entre eles um comerciante cearense de sobrenome Brasil, cuja mulher possuía uma pequena imagem de Nossa Senhora das Dores. Era o mês de maio, e assim, teve início a devoção a nossa padroeira. Em 1865, o fato de o Paissandu ser uma área de várzea, sujeita a contínuas inundações, levou o coronel Sá e seu grupo de trabalhadores a se unirem, atravessar o rio Madeira e fazer um grande roçado em uma linda planície de terra firme, do lado oposto ao Paissandu, bem na foz do Rio Manicoré e sob a invocação de Nossa Senhora das Dores. Assim foi traçado o início da primeira rua de Manicoré, onde foi construída a primeira igrejinha (8m de frente e 15m de fundo), posteriormente, nossa bela Matriz de Nossa Senhora das Dores. Esse fato marca também o início do povoado de Manicoré. Em seguida, mandou embelezar o local, traçar ruas e praças, fazendo picos em plena mata. Delimitou o perímetro urbano e suburbano e, assim, o Povoado de Nossa Senhora das Dores foi expandindo-se, chegando à Vila em 1878 e à cidade em 1896.
A Lei Provincial n.177, de 06 de julho de 1868, transferiu a Paróquia do Crato para a “linda igrejinha” de Manicoré, que não é a nossa atual matriz e sim a primeira capelinha erguida em homenagem à Nossa Senhora das Dores. Esta capelinha ficava a 200 m acima de onde está construída nossa matriz. A benção solene da Matriz, foi realizada por Dom José Lourenço da Costa Aguiar, primeiro bispo do Amazonas, aos 04 de fevereiro de 1899. A Matriz de Nossa Senhora das Dores, recuperada e ampliada, foi consagrada por Dom Miguel D’Aversa, no dia 12 de setembro de 1972. A praça da Matriz foi inaugurada solenemente no dia 13 de setembro de 1983.
A Paróquia contou com a colaboração de muitos sacerdotes, dentre os diocesanos: Pe. Manuel José da Cunha; Pe. Laurindo dos Santos; Cônego Augusto Ferreira Cunha, Pe. Tiago de Souza Brás… Destacamos também os padres salesianos: Pe. Romano, Pe. Armando. Pe. Ricardo Lorenzoni, Pe. Mário Zangarini, Pe. Sebastião Assis, Pe. Tiago Conrrado. Pe. Antônio de Assis Ribeiro, Pe. Felipe Bauziere, Pe. Wilson Barros, Pe. Antônio Carlos, Pe. Ângelo, Pe, Reginaldo, Pe, Bento, Pe. Justino, Pe. Gaudêncio, Pe Nguyen Duy Tan (João Batista)… e tantos outros que por aqui passaram.
A Paróquia conta com os mais diversos trabalhos pastorais de grupos e movimentos: Pastoral da Catequese, da Liturgia, da Criança, do Dízimo, dos Grupos Marianos, ministros extraordinários da eucaristia…
A Paróquia N. S Auxiliadora do Uruapiara, Distrito de Auxiliadora, foi criada sob o Decreto Nº 1/68, por Dom Miguel D’Aversa, compreendendo os limites de São Vicente, na boca do Acará, até Capanã, abrangendo rios, lagos, igarapés que desembocam no Rio Madeira. A data de criação desta paróquia foi 5 de maio de 1968 quando, na época, Dom Miguel tinha interesse em fundar duas paróquias: Nossa Senhora Auxiliadora na barreira do Uruapiara e São João Bosco em Carapanatuba. A primeira igreja Matriz foi feita em madeira e após treze anos, foi pensada sua construção em alvenaria, cuja pedra fundamental foi lançada em 21 de novembro de 1982. Sua inauguração aconteceu em 24 de maio de 1983. Os primeiros missionários a trabalhar na paróquia foram Pe. Luiz Bernardes, Irmã Joana Dark, Pe. Luiz Stéfano (o qual, implantou a escola São Domingos Sávio) e o missionário Mário Pires (que foi o primeiro catequista da comunidade). Os primeiros a contribuir e realizar a ação de evangelização na comunidade nos primeiros anos, foram: Irmão Antônio Stefanni, Pe.Luiz Venzon, Pe. Epaminondas Lobato (1º padre Diocesano – nascido em Uruapiara) e Pe. Ricardo Lourenzo. O padre Pascoal Jalongo foi a pessoa responsável pela paróquia inicialmente. Em 2017, também aconteceu nessa comunidade, a ordenação diaconal de Edinilton, um filho daquela terra, que se tornou pároco após sua ordenação, em 11 fevereiro de 2018. Sob a responsabilidade dele estão várias comunidades, são elas: Divino Espírito Santo, N. S. Rosário de Fátima, Santo Antônio, Santa Cívita, Cristo Rei e N. S. das Dores, Sagrado Coração de Jesus e de Maria, Santa Maria, São Pedro, São João Bosco, Santa Clara, N. S. Aparecida, Aldeia Estirão Grande, Santa Terezinha do Menino Jesus, N. S. da Conceição de Lourdes, Divino Espírito Santo, na Aldeia Terra Preta, N. S da Conceição, no Bom Suspiro, N. S. da Saúde, Santa Cívita, no Curuçá, Santo Expedito, no Curuçá, São Francisco das Chagas, Santa Helena, São Pedro, Nova Esperança).
Em Humaitá, o decanato está organizado em três paróquias, são elas: Paróquia Imaculada Conceição (comunidades Imaculada Conceição, Santo Antônio e N. S. do Divino Prato), Paróquia São Francisco (comunidades São João Paulo, São Francisco, Santa Clara, N. S. do Carmo, N. S. Rosa Mística, São José, São Cristóvão) e Paróquia São Domingos Sávio (comunidades N. S. Aparecida, Santa Isabel da Hungria, São Pedro e São Sebastião).
A Paróquia Maria Auxiliadora dos Cristãos, na cidade de Manicoré, começou ainda como uma pequena Comunidade de Auxiliadora, formada em 1962, pelo primeiro vigário salesiano para Manicoré, Pe. Román, com a construção de uma capelinha-escola de palha. Cleonice do Rosário de Souza Reis, foi aluna da primeira escolinha, tornou-se professora da mesma escola e relata que na comunidade trabalhavam os homens, as mulheres e as crianças para fazer a primeira capela. Pe. Roman tomava conta dos trabalhos. Fizeram uma reunião e elegeram o Sr. Alcy Miranda para ser coordenador da comunidade e o Senhor João Sabino como catequista da comunidade. Dona Dulcimar Azevedo e Lucina Souza foram as primeiras professoras da comunidade. Em 1967 foi preparada e celebrada a primeira Eucaristia. Em 1970 chegou na comunidade a Irmã Ana Pires e depois chegou Irmã Mercedes, que fundou o Clube das Mães. Irmã Silvia contribuiu com a comunidade. A Irmã Luiza chegou com todo vigor e disposição para o trabalho e dizia com as mãos levantadas para o céu: “Eu vou fazer, junto com vocês, uma Igreja”. Em 25 de março de 1987 foi criada a Paróquia Maria Auxiliadora pelo então Bispo Diocesano Dom Miguel, sendo desmembrada da Paróquia de Nossa Senhora das Dores. Os primeiros Párocos foram os Salesianos, depois em 2007 assume o primeiro Pároco Diocesano Padre Alfredo Souza que ficou até o ano de 2011, de 2011 até 2015 Padre Valdoní Nezze; de 2016 até 2017 Padre Slawomir, de 2017 Padre Kristiano Ratu Marius Naben, e por alguns meses em 2018 Padre Angel Manuel Martin Nieto. De 2018 até o presente data Padre Davi Cruz é nomeado Pároco da Paróquia, onde na mesma data foi alterado o decreto de Criação, acrescentando no nome da Paróquia até então chamada Maria Auxiliadora o título “Cristão” passando a se chamar Paróquia Maria Auxiliadora dos Cristãos.
O decanato de Humaitá é composto pela Paróquia Imaculada Conceição, Paróquia São Francisco de Assis, Paróquia São Domingos Sávio, e pela área missionária beiradão e pela área missionária São Francisco de Assis – Distrito de Realidade.
A Paróquia Imaculada Conceição é onde está a cátedra do bispo e, pode-se dizer que, sua existência como paróquia vem desde o ano de 1889, quando foi instalada como Freguesia, em Humaitá, em 21 de julho e teve como primeiro pároco interino o Padre José Laurindo dos Santos. A ampliação da Igreja Matriz e a inauguração do Patronato como espaço educativo se deram na administração de Dom Miguel. Sua missão, dentre outras coisas, abrangia construir capelas nos lugares onde não havia, para fortalecer a fé cristã católica e escolas para as crianças.
A participação da Igreja no campo social era visível, por isso podemos citar a Cooperativa de Menores dirigido pelo padre Bento Le Fevere, nos domínios dessa paróquia. A Cooperativa de Menores tinha o objetivo de dar apoio ao menor carente ou abandonado, tirando-os da rua e do ócio.
No período de missão de Dom Francisco em Humaitá, a igreja assumiu sua face mais política da ação missionária. Apesar das dificuldades de não ter muitos religiosos e religiosas, era possível contar com um grupo de missionários e missionárias para atender as necessidades imediatas da evangelização dos povos. A presença, por exemplo, da irmã Angélica Toneta, que foi um nome forte na evangelização do Beiradão, no rio Madeira. A área que compreende a BR 319 foi assistida por Frei Bernardino como o responsável pela região.
Outra figura importante nesse contexto foi a Irmã Raquel Oliveira Leal. Ela chegou da Bahia, da Congregação das Irmãs Franciscanas Marianas Missionárias. Foi convidada pelo bispo para organizar diversas atividades de cunho social na diocese. O convite feito a ela se deu pela sua vasta experiência no campo da ação social. Ao chegar, foi morar, em companhia da Ir. Angélica, próximo à igreja de São Francisco. Em Humaitá, fez história no Projeto Sócio Educativo e na Pastoral da Terceira Idade. Sua contribuição foi importante e será lembrada na história como uma pessoa que muito fez pela vida e por amor ao próximo.
O Diaconato Permanente surge em 2008, como uma ação evangelizadora. Na época, dez homens casados começaram a se preparar para este ministério. Eram 04 de Humaitá, 04 de Manicoré e 02 em Apuí. Ao longo da formação, os candidatos de Apuí se desenvolveram rapidamente, porém, em Manicoré houve a desistência de dois. Nesse período houve o acompanhamento de seis candidatos que receberam acompanhamento espiritual e teológico por padres e irmãos. Em 2011, quando a Diocese celebrou também seus cinquenta anos de caminhada como Prelazia, tivemos a ordenação diaconal de Rudi Gerhardt.
Na paróquia foram realizadas várias ordenações sacerdotais e também algumas vocações tem surgido ao longo desses sessenta anos. A cada momento vivido nessas ordenações se revigora a vida vocacional religiosa numa esperança de alcançarmos mais operários para a messe. Na comunidade de Santo Antônio aconteceu a ordenação diaconal de Alfredo Souza Silva como Diácono de nossa Diocese, em fevereiro de 2005. Poucos dias antes, a capela tinha recebido um novo piso. Houve muita participação do povo da cidade, pessoas de Manicoré e Porto Velho. Dias depois o diácono Alfredo voltou para Manicoré.
A próxima paróquia que compõe o decanato de Humaitá é uma das maiores na cidade e compreende sete bairros da cidade. Além desses, os Frades Capuchinhos, responsáveis por essa paróquia, atendem, também, a BR 220 (Ipixuna e km 70) e BR 319 (Nova Aliança, Cristalândia e Ramal do Índio).
A Paróquia São Francisco de Assis foi criada em 25 de março de 1987. A Igreja São Francisco foi consagrada solenemente em 04 de outubro de 1982, ocasião do oitavo centenário de São Francisco de Assis. Esta paróquia teve como protagonista a Irmã Giovanna Porrus, da congregação Marcelinas. Esta congregação teve como presença inicial as irmãs Matilde, Maria Rosa, Alice Dolores e Bernadete, que começaram seus trabalhos em 23/11/1973 no hospital.
A chegada da irmã Giovanna em Humaitá aconteceu em 25/01/1976. Ela, italiana natural da Sardenha, Itália, não sabia falar a língua portuguesa, entretanto, isso não foi empecilho para sua ação missionária. Seu objetivo era assistir as famílias em suas necessidades. Quando chegou em Humaitá, o destino de missão da irmã foi a Rua Bonifácio, onde emergia um bairro desestruturado, cheio de desafios sociais. Não havia planejamento, nem saneamento básico, nem energia elétrica para aquelas famílias pobres daquele lugar.
A presença da Irma Giovanna na comunidade se deu até 1987. No dia 22 de fevereiro, ela se despediu da cidade de Humaitá. Em 08 de março de 1987, a igreja de São Francisco foi entregue aos Freis Capuchinhos, responsáveis pela paróquia até os dias atuais. Ao longo desses anos a paróquia tem sido administrada pelos padres Capuchinhos e podemos trazer à lembrança alguns nomes que já passaram por ela: Freis Bernardino Vagnarelli, Frank Ribeiro, Eduardo Queiros, Darez Narbone, Paulo Córdova, Francisco Coelho, dentre muitos outros frades e irmãos que passaram e contribuíram com a Diocese nesses sessenta anos de missão. As ações pastorais têm um movimento dentro da paróquia que tem tentado superar os desafios e se manter firme na ação pastoral. Existem grupos pastorais, movimentos e serviços funcionando atualmente em todas as comunidades. A paróquia já realizou ordenações sacerdotais: a ordenação de Frei Darez, em 02/06/2002, e a ordenação do padre João Nascimento, em 05/12/2021.
A Paróquia São Domingos Sávio criada em 25 de março de 1987 compreende a segunda maior parte das comunidades da diocese na cidade. Esta paróquia se inicia as margens da BR 230, Transamazônica, em uma comunidade que começava a se estruturar. A igreja foi construída no formato octogonal, seu telhado foi iniciado em dezembro de 1978 e concluído em 13/01/1979. Em abril deste mesmo ano, Padre Luiz Venzón, o idealizador do projeto da igreja, volta para Manaus, deixando a igreja pronta e inaugurada.
A inauguração da igreja foi pensada e decidida em reunião. No dia 08, uma caminhada dos jovens levaria a imagem do santo e os homens o grande crucifixo que esteve até aqueles dias na catedral. Entretanto, não foi possível realizar este ato de oração devido a uma chuva fina e persistente que deixou o solo sem condições para caminhar. Apesar disso, um bom número de alunos acompanhou as imagens que foram levadas de caminhão. No dia seguinte, aconteceu solene inauguração com benção da igreja, no dia 09/03/1979. A missa teve a participação de todos os padres da Prelazia e Dom Miguel, que presidiu a celebração. Os alunos das escolas Dom Bosco, Patronato, N. S. do Carmo, São Francisco e representantes de outras escolas cantaram para uma igreja lotada de fieis. Dom Miguel e padre Luis Venzon, construtor da igreja, apresentaram a história da construção da igreja e as despesas juntamente com os nomes dos colaboradores. No dia 29 de junho de 1979 morre o padre Luis Venzon, às 21:15h. Foi administrada pelos Salesianos até o ano de 2012, assumida pelo Padre Alfredo de 2013 a 2015, do ano de 2016 até hoje administrada pelos Verbitas.
A área missionária beiradão sempre existiu, mas tomou corpo a partir de 2000 quando então a Irmã Angélica das Irmãs Franciscanas do Apostolado Paroquial assumiu a missão e organizou da forma como hoje se encontra. A missão hoje conta com um Padre Verbitas e uma religiosa da IFAP.
A área missionária São Francisco de Assis do Distrito de Realidade era atendida até 2021 pelos Freis Capuchinhos antes então comunidade pertencente a Paróquia São Francisco. Hoje, atendida pelo Padre Alfredo Santos, Administrador da área missionária.
A participação dos leigos na caminhada como Igreja tem sido importante na expansão, na melhoria das estruturas físicas das igrejas.
Para poder lançar um olhar para o passado é preciso contar e recontar, escrever e reescrever a história, da mesma forma que os autores sagrados fizeram nos primeiros tempos da Igreja, é fundamental para podermos preservar a memória fiel e lançar as sementes no hoje, rumo ao futuro missionária da nossa Igreja em saída.
A Igreja diocesana de Humaitá continuará escrevendo sua história sendo testemunha do Reino de Deus, atenta e fiel à sua vocação e missão, enviada, para anunciar a Boa-Nova com palavras e testemunho.
A vida de Jesus foi uma contínua história de serviço e entrega pela humanidade. Assim, o serviço e a gratuidade também devem ser a marca da vida da Igreja e dos cristãos, discípulos missionários, em todos os tempos.
Será, portanto, na fidelidade à pessoa e ao agir de Cristo, por obra do Espírito Santo, que a Igreja diocesana de Humaitá continuará sendo, anunciadora crível diante do mundo. À medida que se configura com Cristo e se identifica com Ele, dócil à ação do Espírito Santo, ela torna-se testemunha, sinal e presença d’Ele, entregando ao mundo o Evangelho que cura, transforma, salva e liberta aqueles que o acolhem.
Por tudo o que aconteceu ao longo da nossa história diocesana, declaramo-nos felizes e agradecidos. Deus esteve presente a iluminar e a reforçar os passos de nossa caminhada. Estamos conscientes que o mundo está sedento e busca os valores fundamentais da vida, por isso, renovamos nosso compromisso de fidelidade à missão que recebemos de Deus de sermos Igreja em missão.